A quarta palestra promovida pelo Seminário Internacional ‘Comunicar Ciência: Democracia, Comunicação e Audiovisual’ aconteceu nesta sexta-feira (03.06), com a participação da professora Caterina Cucinotta, da Universidade Nova de Lisboa (Portugal) e do professor Jesús Ramé, Universidad Rei Juan Carlos/Madrid (Espanha). Os participantes do evento mais uma vez puderam participar de um debate com importantes nomes do campo científico que têm voltado seus estudos para os ensaios audiovisuais acadêmicos.
Durante a apresentação da palestra “Um processo de trabalho entre a criatividade e o rigor acadêmico: mas afinal, o que é o ensaio audiovisual?”, os professores debateram como se dá e quais os principais desafios existentes nesta aproximação entre ciência e arte. Os mediadores da mesa foram os professores da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), Pedro Pinto de Oliveira e Dielcio Moreira, que são dois importantes investigadores do tema no Brasil.
Para Oliveira, o ensaio audiovisual, com todo o rigor acadêmico que o formato exige, traz possibilidades sensoriais que não são possíveis apenas com texto escrito. “O processo criativo é um processo da ciência também. O ensaio audiovisual é esse momento de aproximação dos dois sistemas simbólicos da ciência e da arte em que é possível realmente ver e ouvir essa aproximação que, por exemplo, em um texto escrito não conseguiríamos”, destacou durante a mediação.
Já a professora Caterina Cucinotta destacou a possibilidade que o ensaio audiovisual, na condição de escritura científica, possibilita ainda a aproximação de cientistas de diversas áreas do conhecimento com a arte. “O ensaio audiovisual pode ser feito sobre uma temática muito mais abrangente, como a presença das mulheres nos primórdios do cinema, por exemplo. Mas, sobretudo, o vídeo ensaio é uma ferramenta que poderia ser usada para investigadores de todo tipo e também para investigadores que não estão ligados necessariamente à arte. Investigadores que não olham para o ensaio audiovisual de uma forma artística. Pode até haver essa aproximação. Pode levar um biólogo a trabalhar com arte, por exemplo” disse.
Mais sobre o seminário
O Seminário é o primeiro evento internacional realizado em conjunto pelo Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Poder (PPGCOM) em parceria com o Programa de Pós-Graduação em Estudos de Cultura Contemporânea (ECCO), ambos da UFMT. O evento teve início no dia 13 de maio, com a palestra do professor João Carlos Massarolo e vai até o dia 8 de julho.
Durante nove semanas são apresentadas palestras ministradas por prestigiados pesquisadores de diversas instituições públicas das diversas regiões brasileiras, além de cientistas do México, da Espanha e de Portugal. O principal objetivo é debater novas formas de comunicar ciência e a democratização da cultura científica no contemporâneo. Também é tema de discussão o lugar da ciência, dos cientistas e da comunicação de ciência no contexto digital, especialmente na era em que notícias falsas, que invalidam o valor da ciência, são propagadas de maneira tão veloz.
Fazem parte da organização do evento a professora doutora Maristela Carneiro, coordenadora do ECCO, o professor Bruno Araújo, coordenador do PPGCOM, e o professor Benedito Diélcio Moreira, líder do Multimundos. A coordenação é do professor Pedro Pinto de Oliveira. Todas as palestras já realizadas podem ser acessadas no canal do Youtube do PPGCOM, neste link.
Próxima palestra
Na próxima sexta-feira (10.06), o evento recebe Daniel H. Cabrera Altieri, professor de Teoria da Comunicação, da Universidade de Zaragoza (Espanha). Ele apresenta a palestra “Comunicar ‘la verdad’ en épocas de desinformación: credibilidad y nueva comunicación”.
Confira o resumo da próxima apresentação:
Pandemia y guerras nos han encontrado en una época donde las democracias están fuertemente influidas por un desorden informativo sin precedentes que socava la confianza en las instituciones públicas tradicionales centradas en el concepto de “credibilidad” y de “verdad”. Estamos ante una ola de contagio mundial de informaciones dañinas y falsas. Se habla de “información errónea” (mis-information), “desinformación” (dis-information) y “mala información” (mal-information). ¿Qué implicaciones tiene esta situación para el futuro de la democracia? No lo sabemos con exactitud. Pero estamos obligados a pensarlos en profundidad. Entre otros temas, el papel de los medios tradicionales frente a las redes sociales y sus problemas específicos como son, por ejemplo, burbujas de filtro y cámaras de eco, la amplificación computacional o la microfocalización.
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