HOMENAGEM Centenário de Gilberto Mendes é celebrado com vasta programação

Em 2022, comemoramos o centenário do nascimento do compositor Gilberto Mendes que, apesar de ser da cidade de Santos, estado de São Paulo, tinha raízes no Centro Oeste por parte de sua mãe, que era de Mato Grosso. Um compositor profícuo que viveu intensamente e nos deixa estas palavras ao final de seu segundo livro:

“Acima de tudo, é preciso viver a música. A que fazemos, a que ouvimos. A música abre um mundo dentro de nós. O mundo dos signos, de toda uma época, de um momento fugaz, de um modo de pensar, uma acontecimento, um lugar, uma paixão….”

Gilberto Mendes era um viajante e com isso alimentava diretrizes para que suas criações fossem cosmopolitas, como ele. Sua longevidade lhe permitiu vivenciar momentos diferentes da cultura brasileira e mundial, fato que se reflete em sua pluralidade estética. Durante sua trajetória, transitou entre propostas artísticas diversas. Sua vida, seus gostos e suas invenções foram pautados nas aventuras estéticas e posições políticas possíveis dentro de seu tempo histórico e seu ambiente cultural, agitados pelas vanguardas. Nesse sentido, Gilberto Mendes era um artista inventor – alguém que inventava sonoridades, novas concepções de música e dialogava com a literatura e com o teatro para a produção do que ele chamava de signo novo.

Nessa tarefa de inventar e imaginar signos novos, desenvolveu-se sua trajetória artística, política e pessoal. Gilberto Mendes queria criar mundos, transpor fronteiras estéticas e políticas, imaginar novas sensibilidades auditivas e lutar por outras possibilidades de existência, menos desiguais. Fatos da sua militância de artista do século XX precisam ser salientados, entre eles a participação no Manifesto Música Nova, no início da década de 1960, ao lado de compositores que queriam mudar tudo… Perfeitamente sintonizado com o Manifesto, dirigiu durante a segunda metade do século XX o Festival Música Nova, em Santos, que trouxe ao Brasil criadores internacionais em  um intercâmbio que se espalhou por outras cidades brasileiras.

A pesquisadora Rita de Cássia Domingues dos Santos, autora de livro sobre sua terceira fase composicional, está liderando várias homenagens a Gilberto Mendes na Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT). Em abril foi realizado o “Congresso Gilberto Mendes e seu Rizoma”, totalmente disponível no canal do YouTube do programa de pós-graduação ECCO/ UFMT.

No dia 25 de outubro será apresentada na Universidade Federal do Rio de Janeiro, dentro do XXX Panorama da Música Brasileira Atual, a obra “Tango para Kimiê”, composta por Rita Domingues em homenagem a Gilberto Mendes.

Também será realizado um concerto em 15 de dezembro na Universidade Federal de Mato Grosso com obras de Gilberto Mendes ou compostas inspiradas nas produções do compositor santista. As homenagens continuarão até seu próximo aniversário em 13 de outubro de 2023, com a estreia na UFMT da postopera “Cartas para Yataro”, composta por Rita Domingues para reverenciar este compositor, que ainda hoje permanece tão instigante e atual.